5 de novembro de 2008

FORÇA DE PAZ

Não precisa ter bola de cristal para antecipar o final da força de paz, brasileira, no Haiti. Pais com o maior índice de pobreza da América Latina. Durante décadas mantido por ditaduras militares apoiadas pelos Estados Unidos.Uma nação sem perspectiva. O que faz o exército de outra nação? Dá emprego? Alimento? Educação? Não. Mantém a ordem, evita saques e organiza a fome. Não pode dar bom resultado. A morte de um haitiano ou um militar pode deflagrar um enorme conflito. É questão de tempo.
Publicado no Jornal de Alagoas em 31/10/04

TRIBUNAL DE CONTAS

Sempre que as acusações se intensificam contra Paulo Maluf, rebate dizendo: "Moro na mesma casa há 40 anos e minhas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas". A primeira argumentação é frágil, pois se fugisse estaria se condenando. A segunda, que é verdade, merece reflexão dos congressistas e do governo. Por que todos os casos de corrupção, dos três poderes, os Tribunais de Contas não descobrem? Pelo contrário, endossam. É sempre PF, MP ou AGU quem desbarata as quadrilhas. É preciso, urgentemente, rever o papel dos Tribunais de Contas.
Publicado no clipping eletrônico em 25/10/04

HERZOG

Há fatos na história de um país que levam anos gravados em sua memória. A tortura até a morte do jornalista Vladimir Herzog é um deles. Minha geração não admite esse crime. Jornalista, com emprego e local definido, apresenta-se, espontaneamente, aos poderes constituídos e é assassinado. Uma barbaridade. Qual a ameaça de um homem desarmado, cujos únicos instrumentos de trabalho eram sua caneta e sua máquina de escrever? A anistia não pode perdoar casos como esse.
Publicado na Tribuna da Imprensa online em 25/10/04

EMPREGO E CONSUMO

No último debate dos candidatos à presidência dos Estados Unidos, Bush disse: "Venho de uma escola de pensamento que quando pessoas têm mais dinheiro no bolso aumenta demanda ou investimento". As pessoas a que ele se refere são as corporações, uma minoria. Bush isentou de impostos um trilhão de dólares destes ricaços. Cometeu dois erros: enfraqueceu o Estado e injetou recursos nos mais abastados que nada acrescentam à demanda. As grandes empresas cada vez empregam menos. Com isso, não há consumo nem crescimento.
Publicado no Jornal de Alagoas em 18/10/04 e Tribuna da Imprensa em 26/10/04